Os órgãos ambientais estão exigindo a definição de alternativas adequadas de disposição final. Para
tanto, é necessário conhecer as características do lodo de ETA com a finalidade de dar destino final
com estas características. Para a caracterização físico-química do lodo de ETA foram utilizados
amostras de lodo centrifugado da ETA Passaúna de Curitiba – PR em nos meses de julho e agosto.
Foram determinados umidade, pH, análise de perda ao fogo, difração de raio X (DRX) e análise
química por fluorescência de raio X e espectofotometria de absorção atômica. Observou-se que o lodo
apresentou uma umidade média de 87% e pH de 6,7. Pela análise de perda ao fogo verificou que as
amostras ficaram em torno de 50% e de DTA os processos foram de reações endotérmicas. Os
elementos encontrados em maior quantidade pelas análises químicas e de raio X, foram o alumínio
com 20,80%, sílica com 12,75% e ferro com 7,58%.
PALAVRAS-CHAVE: lodo de ETA, caracterização, resíduos de ETA, resíduos sólidos 1. INTRODUÇÃO
Nos centros urbanos, o abastecimento de água torna-se cada vez mais centrado na qualidade do
produto a ser distribuído à população. Em contrapartida, a qualidade da água bruta está piorando e
exige uma maior concentração de produtos químicos aplicados no seu tratamento. Como
conseqüência, há um significativo aumento nos rejeitos ou lodo, provenientes das Estações de
Tratamento de Água (ETA), os quais são gerados principalmente nos decantadores.
Pela NBR 10.004 este lodo é classificado como “resíduo sólido”, portanto deve ser tratado e disposto
conforme exigência dos órgãos reguladores. Há muito tempo, o destino destes resíduos de ETA vinha
sendo os cursos d’água próximos das estações, no entanto, a crescente preocupação e a
regulamentação têm restringido ou proibido essa disposição. Esta prática tem sido questionada por
órgãos ambientais devido aos riscos à saúde e ao meio ambiente.
Para que haja uma alternativa final adequada, é necessário primeiramente conhecer as características
deste lodo de ETA, visando obter um destino final de acordo com suas características.
2. REVISÃO BIBIOGRÁFICA
Para transformar a água bruta em água potável para consumo humano, a Estação de Tratamento de
Água (ETA) utiliza os processo de coagulação, floculação, decantação e filtração, adicionados de
diversos componentes formando resíduos que serão removidos na por sedimentação e filtração
principalmente nos decantadores, sendo estes resíduos chamados de lodo de ETA (TSUTIYA;
HIRATA, 2001).
Segundo Silva e Isaac (2002) o lodo de ETA é caracterizado como um fluído não-newtoniano,
volumoso e tixotrópico, apresentando-se em estado gel quando em repouso e relativamente líquido
quando agitado.
Segundo Gradin, Além Sobrinho e Garcia Jr (1993) este lodo de ETA é constituído de resíduos sólidos
orgânicos e inorgânicos provenientes da água bruta, tais como: algas, bactérias, vírus, partículas
orgânicas em suspensão, colóides, areias, argila, siltes, cálcio, magnésio, ferro, manganês, etc. Silva,
Bidone e Marques (2000) complementam a composição dos lodos com hidróxidos de alumínio, em
grande quantidade, proveniente da adição de produtos químicos e em alguns casos polímeros
condicionantes utilizados no processo.
As características dos lodos podem variar também em função da tecnologia usada no tratamento de
água (SARON; LEITE, 2001). Cordeiro (2000) acredita que, além dos parâmetros tradicionais do
Saneamento, para o lodo de ETA devem ser considerados também a concentração, o tipo e o tamanho
das partículas.
De acordo com AWWA (1995) o lodo de ETA possui uma característica mais similar aos solos do que
se comparado com o lodo de esgoto. Neste caso, em geral, o nitrogênio e o carbono orgânico no lodo
de ETA são mais estáveis, menos reativo e em menores concentrações.
O potencial tóxico dos resíduos de ETAs dependem principalmente do teor de metais presentes, além
das características físico-químicas e das condições em que estes resíduos são dispostos. Outros
fatores que também influenciam a toxicidade são as reações sofridas durante o processo, forma e
tempo de retenção, características do curso d’água, composição e impureza dos coagulantes e outros
produtos químicos utilizados no tratamento da água (BARROSO e CORDEIRO, 2001b). Barroso e Cordeiro (2001a) descrevem que alguns metais, como cobre, zinco, níquel, chumbo, cádmio,
cromo e magnésio e, em especial, o alumínio presente no lodo de ETA possuem ações tóxicas,
podendo apresentar efeitos positivos ou negativos nas técnicas de tratamento, disposição final e, até
mesmo, na reutilização destes resíduos.
O teor de sólidos totais varia entre 1.000 a 40.000 mg/L (0,1 a 4%), sendo deste, de 75 a 90% sólidos
suspensos e 20 a 35% compostos voláteis, apresentando, portanto uma pequena porção
biodegradável, mas o qual pode ser prontamente oxidável. A massa específica do lodo de ETA varia de
acordo com as concentrações de sólidos presentes neste, ela pode variar de 1,002 kg/m3
para lodos
com teor de sólidos de 1%, até 1,5 kg/m3
após processo de desidratação, (RICHTER, 2001).
Durante o processo de tratamento de água são utilizados coagulantes que desestabilizam as partículas
coloidais, formando flocos com tamanho suficiente para remoção. Geralmente estes coagulantes
utilizados são sais de ferro e alumínio, que devido as suas cargas desestabilizam as partículas.
Segundo Richter (2001) o lodo proveniente do sulfato de alumínio apresenta uma pequena proporção
de biodegradabilidade e suas principais características são apresentadas na Tabela 01 abaixo.
TABELA 01: CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DE LODOS DE SULFATO DE ALUMÍNIO.
Sólidos
Totais (%)
Al2O3.5H2O
(%)
Inorgânicos
(%)
Matéria
Orgânica (%)
pH DBO (mg/L) DQO (mg/L)
0,1 – 4 15 - 40 35 - 70 15 – 25 6 - 8 30 – 300 30 – 5.000
FONTE: RICHTER (2001)
De acordo com Reali (1999), este lodo de sulfato de alumínio apresenta coloração marrom, com
viscosidade e consistência que lembram um chocolate líquido, além de possuírem uma difícil
sedimentação ou flotação em seu estado natural.
Segundo Richter (2001) a aparência do lodo de sulfato de alumínio varia em função da sua
concentração de sólidos. Para concentrações de 0 – 5%: aparência líquida; 8 – 12%: esponjoso ou
semi-sólido; e para 18 – 25%: argila ou barro suave.
Cordeiro (2001) analisou o lodo de três ETAs: São Carlos, Araraquara e Rio Claro, podendo observar
que os valores obtidos representam dados pontuais e existe uma variabilidade quanto à remoção do e
limpeza dos decantadores, pois na ETA Araraquara o lodo é removido 3 vezes ao dia e nas demais
acontece o acumulo em tanques. Os parâmetros analisados nestas ETAs e sua variabilidade podem
ser observados na Tabela 02. TABELA 02: PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS PARA O LODO DAS ETAS SÃO CARLOS,
ARARAQUARA E RIO CLARO.
Parâmetros ETA – São Carlos ETA – Araraquara ETA – Rio Claro
Conc. de Sólidos (%) 4,68 0,14 5,49
pH 7,2 8,93 7,35
Cor (U.C.) 4.300.000 10.650 250.000
Turbidez (U.T.) 800.000 924 36.000
DQO (mg/L) 4.800 140 5.450
Sólidos Totais (mg/L) 58.630 1.620 57.400
Sólidos Suspensos (mg/L) 23.520 775 15.330
Sólidos Dissolvidos (mg/L) 32.110 845 42.070
Alumínio (mg/L) 11.100 (18,93%) 2,16 30
Zinco (mg/L) 4,25 0,10 48,53
Chumbo (mg/L) 1,60 0,00 1,06
Cádmio (mg/L) 0,02 0,00 0,27
Níquel (mg/L) 1,80 0,00 1,16
Ferro (mg/L) 5.000 (8,53%) 214 4.200
Manganês (mg/L) 60,00 3,33 30
Cobre (mg/L) 2,06 1,70 0,091
Cromo (mg/L) 1,58 0,19 086
FONTE: (CORDEIRO,2000)
Barbosa et. al. (2000) realizou estudos com lodo de ETAs situadas também nas cidades de Araraquara
e São Carlos, analisando pH, condutividade, OD, dureza, turbidez, DQO, série de sólidos, metais (Al,
Cr, Fe, Ni, Pb, Cd, Zn, Mn, Cu) e nutrientes (N e P) nos períodos chuvoso e seco. Neste estudo pode
ser observado que as variáveis que expressaram a influência do período com chuva foram: pH,
turbidez, sólidos totais, sólidos suspensos, DQO, nitrogênio e fósforo. No caso dos metais os que
apresentaram concentrações elevadas foram o alumínio, ferro e manganês, justificado pelo aumento da
dosagem de coagulantes utilizado devido à água apresentar maiores concentrações de contaminantes
e materiais proveniente de lavagem dos solos.
TEMOS A SOLUÇÃO
Emidio Campos
Diretor Comercial
Grupo Sagata
segurancaprivadasp@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário